Operação Manumissão: seis crimes foram identificados e dez pessoas foram indiciadas


Reportagem publicada na Folha de Guanhães em 16/10/2009

Após investigar, durante três meses, todo o material apreendido no Sindicato dos Trabalhadores Rurais nos municípios de Sabinopólis e Serro, a polícia chegou ao relatório final. O mandado de busca e apreensão dos documentos, computadores e até um cofre foi cumprido no dia 23 de junho.

Intitulada Manumissão, palavra que faz alusão a um tipo de alforria ou liberdade conquistada, a operação teve como objetivo desmantelar uma quadrilha que estaria utilizando do sindicato para enriquecimento ilícito a partir da apropriação indébita de parcelas de benefício previdenciário de trabalhadores rurais.

O diretor presidente do sindicato, Afonso da Aparecida dos Santos que há 20 anos está à frente da entidade, familiares e funcionários foram investigados. De acordo com o delegado, que comanda as investigações, Welbert de Souza Santos, o inquérito foi enviado à justiça no dia 21 de setembro. De acordo com a investigação, seis crimes foram identificados e dez pessoas foram indiciadas.

Entre os indiciados está toda a família do presidente do sindicato que trabalham na instituição, advogados e funcionários.

O sindicato atende ainda aos municípios de Materlãndia e Alvorada de Lima. Segundo Welbert de Souza, em cada um dos escritórios do sindicato, Afonso da Aparecida mantinha um funcionário de confiança que contribuía nas ações indevidas.

"O Sindicato conta com aproximadamente cinco mil associados. Pode-se considerar que todos sejam vítimas, mas agora procuram saber exatamente suas obrigações como contribuintes", comentou o delegado.

Foram seis crimes identificados: formação de quadrilha, peculato, estelionato, falsidade ideológica, extorsão e apropriação indébita. Mas para o delegado, o que facilitou a operação policial foi o amadorismo dos próprios suspeitos. "Eles deixaram provas muito claras do que estavam fazendo. Havia notas de compras de produtos que não eram utilizados no sindicato, mas sim de uso pessoal. Ainda notas em nome do sindicato para manutenção de veículos particulares. Entre contratos que davam ao sindicato e advogados, contribuições indevidas", explicou.

Através de uma ação da Vara do Trabalho, o sindicato deve passar por uma nova eleição, para que todos os indiciados não trabalhem mais na instituição. E ainda que as vítimas sejam indenizadas.

A investigação da Polícia Civil apurou os trabalhadores rurais eram induzidos a acreditarem que só conseguiriam o benefício do Instituto Nacional de Seguro Social (INSS) caso fossem sindicalizados e que, mesmo após conseguirem o benefício, era necessário a permanência da filiação para manter a aposentadoria.

Ainda de acordo com o delegado, os trabalhadores pagavam a contribuição diretamente no sindicato e o dinheiro não era repassado para a Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado de Minas Gerais (Fetaemg). "A própria Fetaemg era vítima da quadrilha", afirmou Welbert de Souza.

Comentários