A mídia representa a quem?

Por Jeferson Malaguti Soares *

“Grupos de atores políticos, defensores de seus próprios interesses e dos seus financiadores”. Essa é a mais completa definição da imprensa no planeta. A nossa nada fica a dever. A “opinião pública” nada mais é que a opinião dos donos midiáticos. Os principais grupos da mídia reivindicam a representação da opinião pública, em detrimento dos canais institucionais para tal: partidos políticos, governos e o legislativo.

Segundo a ética jornalistica, a mídia nunca pode se colocar na posição de porta-voz da opinião pública. Aqui então no Brasil isto deveria ser seguido à risca, haja vista nossa imprensa ter características de forte concentração nas mãos de algumas poucas famílias, formando um oligopólio de interesses particulares.

A mídia não se apresentou em nenhuma eleição. Não se candidatou. Não foi eleita. Não tem a legitimidade concedida pela vontade popular. Ao contrário, ela quer influenciar, formar, moldar a vontade popular. A opinião pública é a opinião da minoria que detém o poder da informação.
Então fica a pergunta: a quem a mídia representa, a não ser a seus próprios interesses?

Nas pesquisas de opinião, procura direcionar o entrevistado a se manifestar sobre as pautas predeterminadas. Pressiona juízes e juristas a decidirem de acordo com o clamor popular, clamor este que ela mesma plantou nas pessoas. Julga e condena de forma seletiva, a quem interessa prejudicar. Protege contumazes bandidos amigos. O ordenamento jurídico é para ela apenas um enfeite do Judiciário.

Pode-se perfeitamente dizer que a opinião pública é favorável ao combate à corrupção, mas daí a dizer que é favorável a condenação apenas de réus petistas, vai uma distancia muito grande.

Os critérios da mídia usa de pesos e medidas díspares. O que pesa para alguns sequer é lembrado para outros. A validade de um recurso jurídico tem mão única apenas contra alguns. Para outros esses mesmos recursos são insatisfatórios.

Há uma tendência do homem de ver conscientemente apenas o que gostaria de ver. O ser humano tem dificuldade em ver coisas com conotações negativas, enquanto o positivo é visto com menos dificuldade. A mídia então dá conotação negativa a tudo que diz respeito ao PT, a Lula e a Dilma e conotação positiva a tudo que diz respeito ao PSDB, Aécio, FHC, Alckmim, etc.

Daí, podemos dizer que a opinião pública é contra a corrupção,mas dizer que é contra o PT e favorável ao retorno do PSDB ao poder, são outros quinhentos. Isso é um desejo da mídia e não da população.

Boa parte da população tem a sua voz ignorada pela mídia. O nordeste, por exemplo, não tem espaço. Não há uma tradição de pluralidade de pensamento na mídia nacional. Nossa imprensa explora muito bem o desgaste existente entre os políticos eleitos e a população, desgaste que ela mesma fomenta. A partir daí, se coloca como porta-voz da opinião pública. Mas apenas sobre os assuntos que lhe são de interesse. A imprensa esconde, por exemplo, a grande desconfiança existente entre o povo com relação ao nosso judiciário. Ele é visto com muita suspeição por mais de 50% da população. As razões são claras: não acreditam que os cidadãos são tratados de forma igualitária e acreditam que os juízes tomam decisões influenciados por políticos, empresários e a própria mídia.

Poucos sabem, mas no auge do julgamento do chamado “mensalão”, apenas 30% de entrevistados consideraram que a culpa dos acusados havia sido provada. Os parlamentares de oposição ao governo ainda se manifestavam com alguma cautela ante o assunto. Já a mídia “anti-lulo petista” transitava e transita sem qualquer embaraço até hoje quando trata do tema.

A opinião pública brasileira, apesar dos esforços da mídia golpista, não concorda com a corrupção e anseia pela punição dos corruptos. De todos os corruptos, independente de filiação partidária. A mídia escancara apenas o PT. O brasileiro também não aceita a sonegação de impostos de megacorporações de mídia e o estímulo pela formação de cartéis, em troca de apoio a candidatos da oposição. Na verdade, quando a mídia invoca” o sentimento da opinião pública” e atribui a toda a sociedade o pensamento de uma minoria elitista e pouco representativa, nada mais faz do que um joguinho político de segunda classe, próprio de vagabundos e de gente mau caráter. Pura velhacaria.


* Jeferson Malaguti Soares é Secretário de Esportes na Prefeitura de Ribeirão das Neves, administrador, consultor de empresas e colaborador deste blog.

Comentários

Anônimo disse…
MÍDIA SE DESMORALIZOU TAMBÉM E MUITO...