Joaquim Barbosa: pragmático ou relativista?

Por Jeferson Malaguti Soares *

Não sou sociólogo, psicólogo nem psiquiatra, mas aqui me arrisco comentar a conduta de Joaquim Barbosa, Presidente do STF, frente às suas recentes e questionáveis decisões.

Nicolau Maquiavel (1469-1527), o criador da ciência política, sugere como deve agir o soberano para alcançar e preservar o poder, como manipular a vontade popular e como usufruir seus poderes e seus aliados. Faz uma análise clara das bases em que se assenta o poder político: como conseguir aliados, como castigar opositores, como recompensar partidários, como destruir, na memória do povo, a imagem de outros líderes. Considerando as atitudes recentes de Joaquim Barbosa, Maquiavel tem feito história por aqui.

Joaquim Barbosa escolheu duvidar em vez de acreditar. Escolheu sufocar os que o cercam em vez de acolhê-los. Escolheu constranger seus pares em vez de honrá-los. Talvez nunca tenha olhado as coisas com muito prazer. Talvez falte-lhe fé. Talvez tenha aprendido muito mais da mágoa do que do amor e da misericórdia. Talvez alimente sentimentos transversos. Provavelmente sofra de delírios oníricos causados pelas experiências vividas, de pobreza e de possíveis maus-tratos quando criança e adolescente. Sofrimentos que podem não ter cicatrizado, apesar de sua vitória contra as intempéries da vida. Isto pode explicar seu comportamento que deságua na falta de compaixão, apesar de, aparentemente, ter tido formação humanitária.
Joaquim Barbosa se mostra obsessivo, veemente e inflexível, características até certo ponto úteis a um advogado no tribunal, no exercício da acusação ou da defesa, porém, perniciosas a um magistrado que deve julgar com serenidade e intrinsecamente dentro da lei. Há fortes indícios de que ele agiu e age fora da lei.

Não se tem notícias de distúrbios cognitivos ou persecutórios a afligirem o Presidente do Supremo. Mas, transtornos de pensamentos e de atitudes são patentes no seu dia a dia. Basta nos lembrarmos do imbróglio com outro ministro, Gilmar Mendes. Na ocasião Joaquim Barbosa saiu vitorioso e aplaudido, haja vista seu desafeto ser conhecido pelo caráter inflexível e comportamentos pouco recomendáveis. Hoje, no entanto, são aliados de primeira hora.

Falta a JB, permitam a simplificação, paciência e senso de oportunidade. Em vez disto é irascível e oportunista. Sabe que o tempo é medido por lições que aprendemos no decorrer da vida, mas acredita estar hoje única e exclusivamente na posição de ensinar, nada mais tendo a aprender. A arrogância é o reino sem a coroa.

É comum nossos pais nos transmitirem atitudes e sentimentos na infância: caridade, esperança, fé, amor, trabalho, respeito ao próximo, entre outros. Questiono-me quando estes valores se foram de Joaquim Barbosa. Em que momento os perdeu, haja vista não dar qualquer sinal de ainda os carregar consigo?

JB tornou-se, assim, o símbolo da exiguidade da justiça brasileira. Incorporou na sua personalidade valores burgueses e tem colocado os destinos da sociedade à mercê de suas idiossincrasias. Seu suposto senso de justiça e sabedoria foram inflados pela mídia, que soube usar com maestria a sua incomensurável vaidade para fazer dele o paladino da ética e dos bons costumes.

É bom lembrar que falsos moralistas são aqueles que dão bons conselhos porque não podem dar bons exemplos. Como disse Nietzsche “julgar e condenar moralmente é a vingança preferida das almas limitadas".

Joaquim Barbosa escolheu ser megalômano em vez de magnânimo. De pragmático, se o fora um dia, travestiu-se em mísero relativista.


* Jeferson Malaguti Soares é administrador, consultor de empresas e colaborador deste blog.

Comentários

adilson1658 disse…
Talvez estejamos diante de um remédio amargo pra tentar salvar o intestino moral deste país, antes que se perca tudo pela diarréia pragmática que lentamente nos consome. JB pelos excessos, nos mostra que a cândida magistratura não tem tido peso moral suficiente para impedir o avanço dos legalistas!