O homem é aquilo que faz

Por Jeferson Malaguti Soares*

Jean Paul Sartre (1905-1980), filósofo, escritor e crítico francês, em um seu opúsculo sobre o existencialismo e o humanismo, define com uma clareza solar que ”o homem não é mais  que o que ele faz”. Este seria o primeiro princípio do existencialismo.  

Apesar de nossa tendência em não escolher o mal, o que escolhemos é sempre o bem para nós e,  nem sempre para o outro. Este é o homem moderno, neoliberal, burguês, capitalista, explorador, rentista. Um homem que não trabalha para o futuro. Um homem do aqui e agora. Um homem que teme desafios, não arrisca. Não é difícil desvendar suas fraquezas, suas contradições, seu oportunismo barato. Nada mais próximo do político hodierno. O terreno da vulgarização é o seu habitat. 

Jean-Jacques Rousseau (1712-1778), suíço, um dos maiores filósofos do iluminismo, nos fala da lei do mais forte: ”o mais forte nunca é suficientemente forte para ser sempre o senhor, senão transformando sua força em direito e a obediência em dever”. Mais adiante, diz: ”a força é um poder físico; não imagino que moralidade possa resultar de seus efeitos”. 

Com efeito, acredito que ditadores de hoje e de ontem não tenham lido Rousseau e, se o fizeram ou fazem, é apenas para se certificarem que, apesar de estarem no caminho errado, vão permanecer nele. Cito ditadores não apenas aqueles que surrupiam o poder de outrem, mas também os donos do mundo de hoje, imperialistas impositivos. Não podemos isentar deste modelo os cidadãos de países imperialistas pois, a vocação imperial não pode ser realizada sem a ampla participação do povo nos negócios públicos. 

Nicolau Maquiavel ( 1469-1527 ), florentino,  reconhecido como fundador do pensamento e da ciência política moderna, questiona se é melhor ser amado ou temido. Na dúvida, diz ele, é melhor ser temido pois “as amizades conquistadas por interesse, e não por grandeza e nobreza de caráter, são compradas, mas não se pode contar com elas no momento necessário”.

Estes três pensadores viveram em épocas diferentes, mas encerram uma só filosofia de vida, onde pensar na justiça como representando uma parte do ser humano é tão importante biologicamente quanto seu coração.
  
Infelizmente políticos há que não pensam nem agem desta forma. Estão voltados exclusivamente para si. Juristas há que não julgam com a razão, mas com o ódio que o coração lhes impõe e com o desejo incontrolável de fama midiática.  Ideólogos como Marx, Engels, Descartes, Gramsci ou Hannah Arendt andam escassos em nossos dias. Hoje impera a ideologia de ocasião, através da qual aparelhos do Estado instituem  o pensamento de seus dirigentes, nem sempre voltado para o beneficio do povo.

Temos exemplos clássicos em nosso país  e no mundo, todos voltados ao neoliberalismo e ao exclusivo rendimento do capital, onde os donos do poder massacram os menos favorecidos. Os donos do capital escravizam o trabalhador. Estes são os verdadeiros impérios do mal, que são nada mais do que aquilo que fazem. 

*Jeferson Malaguti Soares é administrador, consultor e colaborador deste blog.

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