A mídia que nos assalta
Por Jeferson Malaguti Soares*
Lendo o artigo "Os assaltantes", de autoria de Claudio Bernabucci, e publicado na edição 749 da excelente revista semanal CARTA CAPITAL – sugiro às pessoas de bem assiná-la – me veio a ideia de resumí-lo e apresentar aqui neste blog, haja vista a clareza e a simplicidade com que o autor desconstrói o recorrente argumento da oposição, devidamente ancorado pela mídia golpista brasileira, sobre a insuportável carga de nosso fisco.
“Temos a maior carga tributária do mundo”, “Pagamos impostos suecos para serviços dignos do Afeganistão”, são manchetes quase diárias em nossa imprensa. Pois bem, sobre isto, Bernabucci replica com os seguintes argumentos:
- Os privilegiados são os que mais reclamam e os que pagam menos impostos;
- Nossa carga tributária, que em 2012 foi da ordem de 36%, é bem menor que a da Europa, que hoje está em mais de 40%, tocando 45% na França e 46% na Alemanha, até chegar aos 55% no caso da Suécia;
- Nos Estados Unidos, parâmetro para tudo que é bom no mundo segundo nossa mídia, aparentemente se paga menos imposto: 28%. Mas, aprofundando a análise deste percentual em relação à contribuição per capita, conclui-se que os estadunidenses pagam cerca de US$13.550 de imposto ao ano, enquanto nós brasileiros pagamos no máximo 4.000;
- Ignorar que no Brasil os ricos pagam menos impostos que os pobres, além de ignorância e preconceito, indica pura má-fé;
- Os donos da mídia e os ricos controlam o parlamento brasileiro e impedem qualquer reforma fiscal mais equilibrada e democratizante;
- O destinatário do imposto é o Estado e não o governo vigente, como quer fazer crer, levianamente, a mídia nacional.
O articulista termina seu artigo com uma frase tão bombástica quanto verdadeira: “os verdadeiros assaltantes do bem-estar social são os ricos, em prejuízo dos pobres”.
Gostaria que o Claudio Bernabucci tivesse citado também que nos governos FHC a carga tributária brasileira era a mesma de hoje e os serviços muito piores, inclusive sem quase nenhuma inclusão social da classe menos privilegiada.
Por que a imprensa tupiniquim nada fala sobre isto? Naquele período, 1995 a 2002, como acontece em todos os governos neoliberais, os pobres foram separados em um mundo à parte, para digladiarem entre si, enquanto os ricos assistiam de camarote, como na Roma antiga. O que nossos burgueses de hoje reclamam é que os pobres estão deixando a miséria e pagando imposto de renda.
Outro dia, político de direita me perguntou até quando vamos usar os fatos dos governos FHC para divinizar a era Lula/Dilma. Respondi de bate pronto: para sempre, pois um povo que esquece seu passado corre o risco de repetir os mesmos erros no futuro. Nunca mais queremos governos neoliberais conservadores, que levaram a Europa e os EUA à crise que se arrasta há 5 anos, sem previsão de um final feliz. Nunca mais queremos pessoas irresponsáveis que enxergam apenas o próprio umbigo nos dizendo o que fazer e o que não fazer. Nunca mais podemos suportar o peso da discriminação social que nos remete a uma categoria de pessoas de segunda classe. Nunca mais queremos ser conduzidos por seres concupiscentes, epicuristas, levianos, e muito menos por corrompidos, mesmo que galantes e sorridentes.
Os governos populares que há dez anos nos cumulam de esperanças, reduziram a miséria, o analfabetismo, a alta taxa de mortalidade infantil, facilitaram a maior integração de grupos étnicos e raciais diferenciados, permitindo que se identificassem “organismos sociais” plenamente integrados e homogêneos, e nos deram novo entendimento acerca do conceito de cidadania. Além de estimular nossa autoestima frente ao respeito com que o mundo nos enxerga agora.
A mídia nos assalta num crime irremissível, de implicações éticas, corporativistas, partidaristas e, engajamento à direita, na ausência de pluralismo. Sem citar a dependência econômica de setores da sociedade, arrendada por políticos da oposição que usam o dinheiro público para comprar o silêncio sobre suas mazelas. Tudo isto nos que levou à discriminação racial e social de nossos cidadãos menos favorecidos, relegando-os ao obscurantismo da ignorância política. Nunca mais queremos isto para nosso povo. Nunca mais.
* Jeferson Malaguti Soares é membro do Comitê Político do PCdoB de Ribeirão das Neves/MG
“Temos a maior carga tributária do mundo”, “Pagamos impostos suecos para serviços dignos do Afeganistão”, são manchetes quase diárias em nossa imprensa. Pois bem, sobre isto, Bernabucci replica com os seguintes argumentos:
- Os privilegiados são os que mais reclamam e os que pagam menos impostos;
- Nossa carga tributária, que em 2012 foi da ordem de 36%, é bem menor que a da Europa, que hoje está em mais de 40%, tocando 45% na França e 46% na Alemanha, até chegar aos 55% no caso da Suécia;
- Nos Estados Unidos, parâmetro para tudo que é bom no mundo segundo nossa mídia, aparentemente se paga menos imposto: 28%. Mas, aprofundando a análise deste percentual em relação à contribuição per capita, conclui-se que os estadunidenses pagam cerca de US$13.550 de imposto ao ano, enquanto nós brasileiros pagamos no máximo 4.000;
- Ignorar que no Brasil os ricos pagam menos impostos que os pobres, além de ignorância e preconceito, indica pura má-fé;
- Os donos da mídia e os ricos controlam o parlamento brasileiro e impedem qualquer reforma fiscal mais equilibrada e democratizante;
- O destinatário do imposto é o Estado e não o governo vigente, como quer fazer crer, levianamente, a mídia nacional.
O articulista termina seu artigo com uma frase tão bombástica quanto verdadeira: “os verdadeiros assaltantes do bem-estar social são os ricos, em prejuízo dos pobres”.
Gostaria que o Claudio Bernabucci tivesse citado também que nos governos FHC a carga tributária brasileira era a mesma de hoje e os serviços muito piores, inclusive sem quase nenhuma inclusão social da classe menos privilegiada.
Por que a imprensa tupiniquim nada fala sobre isto? Naquele período, 1995 a 2002, como acontece em todos os governos neoliberais, os pobres foram separados em um mundo à parte, para digladiarem entre si, enquanto os ricos assistiam de camarote, como na Roma antiga. O que nossos burgueses de hoje reclamam é que os pobres estão deixando a miséria e pagando imposto de renda.
Outro dia, político de direita me perguntou até quando vamos usar os fatos dos governos FHC para divinizar a era Lula/Dilma. Respondi de bate pronto: para sempre, pois um povo que esquece seu passado corre o risco de repetir os mesmos erros no futuro. Nunca mais queremos governos neoliberais conservadores, que levaram a Europa e os EUA à crise que se arrasta há 5 anos, sem previsão de um final feliz. Nunca mais queremos pessoas irresponsáveis que enxergam apenas o próprio umbigo nos dizendo o que fazer e o que não fazer. Nunca mais podemos suportar o peso da discriminação social que nos remete a uma categoria de pessoas de segunda classe. Nunca mais queremos ser conduzidos por seres concupiscentes, epicuristas, levianos, e muito menos por corrompidos, mesmo que galantes e sorridentes.
Os governos populares que há dez anos nos cumulam de esperanças, reduziram a miséria, o analfabetismo, a alta taxa de mortalidade infantil, facilitaram a maior integração de grupos étnicos e raciais diferenciados, permitindo que se identificassem “organismos sociais” plenamente integrados e homogêneos, e nos deram novo entendimento acerca do conceito de cidadania. Além de estimular nossa autoestima frente ao respeito com que o mundo nos enxerga agora.
A mídia nos assalta num crime irremissível, de implicações éticas, corporativistas, partidaristas e, engajamento à direita, na ausência de pluralismo. Sem citar a dependência econômica de setores da sociedade, arrendada por políticos da oposição que usam o dinheiro público para comprar o silêncio sobre suas mazelas. Tudo isto nos que levou à discriminação racial e social de nossos cidadãos menos favorecidos, relegando-os ao obscurantismo da ignorância política. Nunca mais queremos isto para nosso povo. Nunca mais.
* Jeferson Malaguti Soares é membro do Comitê Político do PCdoB de Ribeirão das Neves/MG
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