Judeus X Palestinos

 Bombas sobre a Faixa de Gaza em 19/11 (Foto: REUTERS/Yannis Behrakis)

 Por Jeferson Malaguti Soares *

Há dez anos era realizada em Durban, na África do Sul, a Conferência Mundial sobre o Racismo. Na ocasião foi possível conhecer as posições de lideranças envolvidas no conflito que o sionismo gestou, no momento em que as populações palestinas sofriam com a ocupação violenta e usurpadora de todos os seus direitos básicos. Um debate internacional, do qual fugiram a potência imperialista hegemônica, os EUA, e os representantes do sionismo institucionalizado, o Estado de Israel, os quais se retiraram abruptamente de um dos eventos mais importantes do inicio deste século. Ficou claro que o sionismo é, sim, uma forma de racismo.

Caso os judeus tivessem intenção em superar esse estigma, deveriam ter colocado em prática a retirada dos territórios ocupados e reconhecido  o Estado Palestino soberano e independente. No entanto, o que têm feito até hoje, diuturnamente, é exatamente o contrário, invadindo mais e mais territórios árabes, matando indiscriminadamente civis, crianças e velhos.

 Nada mais ilustrativo desse genocídio do que as palavras do então Ministro da Defesa de Israel, General Moshe Dayan, no inicio da ocupação de 80% dos territorios palestinos em 1967: " Vocês (palestinos) devem continuar vivendo como cães e, qualquer um que queira, pode sair, e nós veremos aonde este processo vai levar...". Também ilustra com clareza, as palavras do jornalista argentino Jacobo Timmerman, um judeu sionista, depois de viver em Telavive,  afirmando, em um livro que Israel se tornou uma sociedade autoritária. Ele pergunta: "O que transformou os judeus em criminosos tão eficientes?".

O veredito das urnas nos últimos 50 anos em Israel mostrou um crescimento surpreendente do eleitorado de extrema direita, cujas propostas políticas no final das contas não diferem muito daquilo que os judeus tanto censuraram em Adolf Hitler. Fica a cada dia mais evidenciado o grau de degeneração a que chegou o sionismo, colocando sob grave questionamento a tese do Estado judeu e a sua materialização - até o momento, insana -: o Estado de Israel. Entre os eleitos estão desde Ariel Sharon, reconhecidamente um criminosos de guerra até mesmo pelos tribunais israelenses, até Ehud Barak e Benjamin Nataniahu, primeiro-ministro de Israel pela segunda vez (a primeira foi entre 1996 e 1998), chefe do partido conservador Likud,  um dos políticos sionistas que mais contribuíram para a ascenção do nazismo ao poder naquele país.

O apartheid em Israel contra os palestinos foi gerado pelo sistema utilizado para impor e organizar a repressão, através de uma administração policial-militar das regiões ocupadas. Este sistema dá autoridade ilimitada ao comandante militar da região. A ele, e somente a ele, cabe distribuir salvos condutos para que os palestinos possam se locomover, inclusive para irem a médicos e hospitais, de acordo, unicamente, com seus critérios e pareceres pessoais.

Conforme esse tipo de administração, os sionistas determinam a demolição de casas, o comparecimento sistemático de palestinos às estações policiais, a proibição de novas construções para determinadas pessoas – ou em determinadas aldeias e cidades, até regulando o uso da terra. Tudo com a bênção da mídia nacional e internacional, que enxerga apenas nos palestinos a culpa pela miserabilidade que por lá ocorre.

Todos os problemas nacionais e coloniais dessa guerra insana se prendem a um só fato: o povo palestino - ainda que faça parte da Nação Árabe – não tem outra pátria que não aquela onde os sionistas tomaram o controle; e o povo israelense, se bem que composto de diversas comunidades, não tem outra pátria do que aquela que tomou aos palestinos.

Equacionar a solução desse conflito é o caminho para a paz no Oriente Médio. Será que Israel, que se tornou um estado belicoso desde sua criação, está disposto a isso? Eis a questão tão aflitiva para o resto da humanidade, que vê nas ameaças sionistas, o proscênio de uma nova e definitiva guerra mundial, principalmente agora que Netanyahu ameaça invadir pela enésima vez a faixa de Gaza, depois de atacá-la com armamento poderoso pelos ares, infringindo determinação da ONU contrária à ação.

Aliás, o que é uma tônica tanto nos EUA quanto em Israel, que somente obedecem às resoluções do Conselho de Segurança da ONU quando são de seu exclusivo interesse.


* Jeferson Malaguti Soares é Secretário de Comunicação no Diretório Municipal do PCdoB em Ribeirão das Neves/MG e colaborador deste blog.

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