A origem da corrupção

Por Jeferson Malaguti Soares e Cléber Sérgio de Seixas *


O grande capital nacional e internacional e a mídia, sem uma agenda convincente no plano econômico, social e político, se aproveitam dos equívocos do PT e dos partidos aliados e arrumam uma agenda com a qual esperam voltar ao poder: o combate à corrupção.

Como se fossem vetustos cidadãos, guardiões da moralidade pública e privada; como se o passado não os tivesse já condenado pelos inúmeros mal feitos, roubos, “privatarias” e apropriações indébitas do erário; como se quase não tivessem entregue a soberania nacional ao capital estrangeiro; como se desconhecessem que a corrupção é filha legítima da injustiça social e arruinadora dos costumes, os pseudo-paladinos da probidade, atualmente sem propostas para a nação, tendo como porta-voz a mídia golpista, concentram seus esforços no sentido de transformar o assim chamado “mensalão” no maior esquema de corrupção da História nacional. Sabe-se, no entanto, que os maiores esquemas de corrupção de nossa História recente foram as privatizações e a compra de votos para aprovar a emenda da reeleição presidencial, ambos durante e sob a égide do governo de Fernando Henrique Cardoso.

Indiferentes ao sofrimento alheio, sem qualquer compaixão ou misericórdia pelos menos favorecidos, os neoliberais de plantão desejam o poder única e exclusivamente pelo poder, falsos moralistas a esconder o real objetivo de sua política entreguista: desgastar as atividades estatais e emplacar novamente um agenda neoliberal para o Estado brasileiro. Trata-se de desmontar o Brasil e reinar sobre os seus escombros.


Os tucanos fazem isso em Minas com soberba e maestria. Propagandeiam que o “choque de gestão” imposto pelo seu programa neoliberal ao Estado teve como objetivo reduzir os gastos da máquina pública em benefício de maiores gastos com a população. Mentira! Vejam como andam nossa educação, a saúde, a segurança, os transportes, a moradia, o saneamento básico... Uma lástima! Gastam, sim, e muito, é com propaganda. Esbanjam dinheiro com a mídia nativa, compram sua consciência.

Nos últimos dez anos foram gastos mais de 1,2 bilhões de reais para calar jornais e TVs de Minas. Os investimentos na saúde pública, que a Constituição de 1988 prevê sejam de 12% da arrecadação do Estado, não chegam a 4%. E ainda por cima os governo estadual tucano onera a conta da saúde pública com despesas com ração para os cães da Policia Militar e com vacinas contra a febre aftosa.

Minas deve hoje mais de 70 bilhões de reais, o que joga por terra a balela do déficit zero. Arrecada 35 bi/ano e paga juros de 5 bi/ano. Deve pois mais de duas vezes o que arrecada anualmente. Mas na propaganda, a Minas que nos é vendida é outra, uma verdadeira Shangri-La. Melhor exemplo de capital neoliberal infiltrado na administração pública não há.

Não é isso, certamente,  o que o povo brasileiro deseja para o seu país. Os neoliberais capitalistas são insensíveis ao sofrimento dos mais pobres, insensibilidade essa laboriosamente construída ao longo de cinco séculos e que se tornou a mãe da cultura da corrupção. O desdém pela pobreza tornou-os uma sociedade viciada. Valores éticos são impossíveis de vicejarem  nesse terreno.

Só o combate frontal e incansável à injustiça social é capaz de enfrentar a corrupção. Isso o governo do PT, apoiado, principalmente, pelas forças da esquerda, à frente o PCdoB, fez e continua fazendo muito bem. O resto é conversa fiada, meras palavras de cinismo e hipocrisia.

* A versão inicial deste artigo foi publicada originalmente no blog Comentários Políticos

Comentários