O Grito


Por Cléber Sérgio de Seixas

Quando o imperador Dom Pedro I emitiu o famigerado Grito do Ipiranga, o Brasil teoricamente deixava de ser uma colônia portuguesa. Cento e oitenta e nove anos depois, em muitos aspectos, ainda encontramos traços coloniais na realidade social brasileira, apesar de recentemente ter ocorrido uma considerável ascensão sócio-econômica de parcela significativa da população.

O colonialismo, ou neocolonialismo para ser mais exato, se revela, por exemplo, na dependência de nossa economia do capital transnacional, na influência cada vez maior das culturas estrangeiras (filmes, músicas, hábitos, vestimentas) sobre a nossa, e na subordinação de nossa política e economia aos ditames das grandes potências.

Esse novo colonialismo produz efeitos nefastos sobre a vida dos brasileiros, sobretudo os mais vulneráveis socialmente, ou seja, os mais pobres. Assim sendo, em nossa experiência, o neocolonialismo tem nome de desemprego, de violência, de analfabetismo, de degradação ambiental, de precarização das condições de trabalho, de falta de moradia, de apatia política, etc.

Com o intuito de contribuir para a superação desse status quo, todos os anos, desde 1995, é realizado o Grito dos Excluídos. Trata-se de um conjunto de manifestações protagonizado por movimentos populares de várias vertentes, realizado no dia 7 de setembro com o intuito de chamar a atenção da sociedade para as mazelas que caracterizam a realidade brasileira.

Em Ribeirão das Neves o Grito dos Excluídos é realizado há cerca de quatro anos. Neste ano o lema nacional do Grito será: “Vida em Primeiro Lugar! Pela vida grita a Terra… Por direitos, todos nós!”. A versão nevense do Grito terá o seguinte lema: “Pela vida, por direitos. Por isso gritamos: ‘Fora cadeia, chega de corrupção, xô Transimão’ ”.

Nunca como agora a cidade de Ribeirão das Neves presenciou tantas manifestações de cidadania: movimentos contra a implantação de mais presídios na cidade, contra a precariedade dos transportes coletivos, contra a corrupção, em prol de melhores salários e condições de trabalho para os profissionais da saúde e educação, em prol da cultura nevense, etc.

O Grito deste ano em Ribeirão das Neves será mais um capítulo do que chamo de “primavera dos povos nevense”, oportunidade para que soltemos nosso grito de revolta com o que tem sido feito com nossa cidade por aqueles que têm pouco apreço pela mesma.

No dia 7 de setembro, a partir das 08hs, em frente à Câmara Municipal, o Grito começará a ecoar pelas ruas de Neves. Todos os cidadãos que amam Ribeirão das Neves estão convidados a participar. Vamos soltar a nossa voz e exigir a moralização na política local, a transparência na administração pública, o impedimento da construção de mais presídios na cidade, a melhoria na qualidade dos transportes coletivos, melhorias na educação e na saúde.

Participe e solte o seu grito!
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