Paradoxo em Minas

Por Jeferson Malaguti Soares *

Você deve ter notado que têm sido veiculadas pela mídia mineira com mais frequência críticas relacionadas ao governo estadual, ao contrário do que acontecia nos governos Aécio. Isto se deve à pressão que nossa imprensa tem exercido sobre o atual governo estadual por mais verbas de publicidade.

Aécio destinou à midia mineira em 7 anos e meio mais de R$100 milhões/ano em publicidade, em troca de veiculações  positivas de seu governo. Esses gastos aliados à gastança com a Linha Verde e a Cidade Administrativa,  deixaram Minas com uma dívida de mais de R$65 bilhões, que representam o dobro do orçamento anual do Estado e geram juros anuais de quase R$5 bilhões. Essa foi a herança que Aécio deixou para Anastasia, e que o levou a se empenhar tanto para elegê-lo. Qualquer outro que fosse eleito iria escancarar para a opinião pública os desmandos do governo tucano em Minas. Resta a Anastasia economizar.

Claro que sobrou, além da educação, saúde, segurança pública e servidores públicos, para as verbas de publicidade, reduzidas drásticamente. Daí a pressão da mídia acostumada com o "cala a boca" de Aécio.

Ao mesmo tempo Anastasia se vê numa situação no mínimo incômoda. Enquanto Aécio agride o governo federal com discursos de confrontação, a fim de se firmar como líder da oposição dentro de seu partido, visando 2014, Anastasia tem que se virar para não se afastar do planalto, mantendo um diálogo educado e civilizado com Dilma, a fim de não correr o risco de ver seu governo marginalizado na esfera nacional.

Para complicar, Minas hoje não tem um projeto desenvolvimentista que promova pleno emprego e invista na segurança, educação e saúde pública. Minas tem hoje apenas o PROJETO AÈCIO, imposto por ele leoninamente.

Vejam que Anastasia precisa gastar com a imprensa mineira e Aécio precisa investir agora na imprensa nacional ( VEJA, Estadão, Folha, etc) para alavancar seu projeto pessoal. Anastasia não tem dinherio, mas Aécio quer que o governo do Estado veicule na mídia nacional o seu tão propalado choque de gestão, que na verdade não passa de maquiagem da contabilidade estatal.

O aecismo vem se esboçando ao longo dos últimos anos como um novo e moderno método de gerenciamento economico-financeiro da coisa pública, mas na verdade sua política  de déficit zero não passa de um engôdo que faz aumentar cada vez mais a dívida pública do estado, e sucateia o serviço público estadual, em todas as suas áreas de atuação. Aécio quer manter isso encoberto através da falsa publicidade e Anastasia precisa melhorar a avaliação de seu governo para não sair apenas como  fantoche e marionete de Aécio.

Díficilima a situação do atual governador. Pior será a situação do povo brasileiro se Aécio for o candidato e for eleito.


* Jeferson Malaguti Soares é membro da Executiva do PCdoB em Ribeirão das Neves/MG.
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