O expediente midiático



Por Cléber Sérgio de Seixas

A grande mídia brasileira tem um histórico de parcialidade em vários episódios de sua história. A maior parte dos veículos de imprensa, por exemplo, flertou com os militares golpistas em 1964 - não custa lembrar que a Folha de São Paulo (na época Folha da Tarde) emprestou seus veículos para a repressão nos tempos da ditadura. Um exemplo foi em 1984 quando um comício a favor das Diretas Já foi noticiado pela Globo como sendo simplesmente uma comemoração do aniversário da cidade de São Paulo. Outro episódio conhecido é o caso Proconsult, em que a empresa homônima, em conluio com a Globo, tentou tirar a eleição de Leonel Brizola. Outro caso clássico foi o posicionamento da imprensa a favor de Fernando Collor de Mello, o que chegou ao ápice no fatídico debate editado pela Rede Globo no Jornal Nacional.

Nas eleições deste ano, como há tempos não se via, se observa a grande imprensa tomando partido de forma descarada e desavergonhada. Praticamente nenhum veículo, por exemplo, repercutiu a matéria de capa da Carta Capital a respeito da quebra de sigilo que teria sido levada a cabo em 2002 por uma empresa encabeçada pela filha de José Serra. Por outro lado, a mídia tradicional, em coro, repercutiu uma matéria do Jornal Folha de São Paulo em cujo teor um “empresário” fazia acusações a integrantes da Casa Civil.

Temos um candidato de oposição que diz que pode mais, utilizando as denúncias midiáticas, infundadas em sua maioria, para compor o conteúdo de seu programa no horário eleitoral gratuito, no lugar de apresentar propostas para o Brasil. No dia 17/09, o jornalista Ricardo Kotscho resumiu o expediente golpista da seguinte forma em seu blog: “O esquema é sempre o mesmo: no sábado, a revista Veja lança uma nova denúncia, que repercute no JN de sábado e nos jornalões de domingo, avançando pelos dias seguintes. A partir daí, começa uma gincana para ver quem acrescenta novos ingredientes ao escândalo, não importa que os denunciantes tenham acabado de sair da cadeia ou fujam do país em seguida”.

O comportamento da grande mídia é uma prova cabal de seu posicionamento a favor do candidato José Serra. Este está acuado diante da maciça aprovação do governo atual e da candidata que encarna a continuidade. Ao lado de Serra está o mais poderoso dos partidos: o da imprensa golpista (PIG).

Diante de tão escandaloso partidarismo midiático, pergunto: já existiu ou pode existir uma imprensa imparcial, honesta e isenta?

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