SEM MEDO DE OLHAR PARA TRÁS


O País da ditabranda parece mesmo querer manter-se na posição de mais omisso com os crimes praticados pelo regime militar, que vigorou no Brasil de 1964 a 1985. Se em 14 de outubro o Paraguai havia anunciado a abertura dos arquivos da ditadura, agora é o Uruguai que deixa o Brasil ainda mais exposto ao ridículo ao condenar na sexta-feira 23 o ditador Gregório “Goyo” Alvarez a 25 anos de prisão.

O general Alvarez, presidente do Uruguai entre 1981 e 1985 e integrante do alto escalão da ditadura uruguaia desde sua instauração em 1973, foi condenado como coautor em 37 homicídios “muito especialmente agravados” que ocorreram em 1978 contra militantes de esquerda. A condenação de Alvarez, à época comandante do exército uruguaio, foi confirmada sem a presença do militar no julgamento, que ausentou-se por alegar problemas de saúde.

Coincidentemente, a decisão do juiz Luis Charles aconteceu apenas três dias antes de um plebiscito que vai decidir sobre a continuação ou não da Lei de Caducidade –análoga à Lei da Anistia que ainda vigora no Brasil – que perdoou policiais e militares acusados de violar os direitos humanos durante a ditadura militar.

Ao menos nossos vizinhos banhados pelo Rio da Prata têm a possibilidade não só de ver condenados os responsáveis por assassinatos e torturas como também manifestar sua opinião sobre leis que protegem os executores da barbárie.

Fonte: revista Carta Capital

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