IRMÃ DE FIDEL FOI AGENTE DA CIA


Havana – Juanita Castro, de 76 anos, uma das irmãs de Fidel e Raúl Castro, colaborou com a Agência Central de Inteligência Americana (CIA) durante os anos 60, um período em que Washington fazia de tudo para sabotar a revolução comunista na ilha. E o contato com a agência foi intermediado pela esposa do então embaixador do Brasil em Havana, Vasco Leitão da Cunha. A revelação foi feita ontem, no lançamento do livro Meus irmão, a história secreta.

Juanita afirma que foi recrutada para trabalhar pela CIA por Virginia Leitão da Cunha, esposa do embaixador brasileiro em Cuba no período, que posteriormente foi ministro das Relações Exteriores, entre 1964 e 66. Juanita Castro disse que colaborou com a CIA enquanto estava em Cuba e também depois de sua partida. Ela vive exilada em Miami.

No livro, Juanita conta detalhes de seu entorno familiar em Cuba e como foi procurada pela CIA quando se transformou em severa crítica da revolução em 1964. Mais nova que Fidel e Raúl, ela é a quinta de sete irmãos. De acordo com a irmã de Fidel, Leitão da Cunha e sua mulher haviam abrigado muitos revolucionários durante a ditadura de Batista e simpatizaram inicialmente com o governo Fidel, mas posteriormente ficaram decepcionados. Então, ela e Virgínia viajaram separadamente para o México para se encontrar com Tony Sforza, um dos especialistas da CIA em Cuba. Juanita viajou com o pretexto de visitar uma irmã, a quem nunca mencionou o assunto. Sforza trabalhava infiltrado em Cuba, passando-se por jogador de cassino com o nome falso de Frank Stevens. Juanita recebeu o nome de "agente Donna" e teve como primeira missão enviar entregar dinheiro a homens da CIA na ilha. A CIA se comunicava com ela por mensagens cifradas em uma rádio de ondas curtas.

Antes da crise dos mísseis, Juanita passou informações à CIA de que foguetes soviéticos eram instalados em Cuba, e também sobre visitas dos russos à ilha. A agência decidiu afastá-la de Cuba depois que Raúl foi dizer à irmã que havia acusações contra ela por supostas atividades contrarrevolucionárias. Aparentemente, não haviam descoberto sua ligação com a CIA. Juanita afirma que foi Raúl quem lhe conseguiu um visto para viajar ao México. Chegando ao país, ela escreveu um texto rompendo com a revolução. "Comecei a me desencantar quando vi tanta injustiça", afirmou Juanita na entrevista, referindo-se às prisões, aos fuzilamentos e aos confiscos do governo revolucionário. "Tínhamos a tendência de botar a culpa nos subalternos, mas as ordens vinham de cima, de Fidel, de Che (Guevara), de Raúl." Ontem, Juanita lançou suas memórias: Fidel e Raúl, meus irmãos. A história secreta, pela editora Santillana. O livro foi escrito pela jornalista María Antonieta Collins a partir de uma entrevista.

Fonte: Jornal Estado de Minas - 27 de outubro de 2009


Nota do Blog: Nâo sei quais são os critérios da senhora Juanita Castro quando afirma "começei a me desencantar quando vi tanta injustiça". Será que ela considera mais justo o sistema ditatorial que vigorava antes da revolução de 1959? Nunca é demais lembrar que, antes da revolução, Cuba era dominada por um ditador títere dos interesses de Washington e pela máfia norte-americana. Além disso, os estrangeiros que lá desembarcavam, buscavam, sobretudo, drogas, turismo sexual e jogatina nos vários cassinos espalhados pela ilha. Enquanto os gringos de olhos azuis faziam suas incursões naquela que era uma pequena república das bananas, o povo cubano chafurdava na miséria a ponto de existirem camponeses que sequer haviam enfiado seus pés dentro de sapatos.

Quanto aos fuzilamentos do início da revolução aos quais se refere a matéria, é bom salientar que foram decorrentes de julgamentos, em sua maioria, feitos em sessões públicas filmadas e sob a observação dos cubanos e da imprensa estrangeira, sendo grande parte dos condenados a penas capitais indivíduos acusados de atos terroristas e/ou torturadores notórios dos tempos da ditadura Batista.

Pode ser que a irmã de Fidel esteja mais para porta-voz dos contra-revolucionários de Miami, que desde a revolução acharam em solo estadunidense refúgio e base para suas ações de desestabilização do regime, do que para defensora dos direitos humanos da maioria do povo de Cuba. Por falar em direitos humanos, vale dizer que atualmente os cubanos vivem sob um regime que tem lhes garantido usufruir de condições de vida jamais imaginadas antes da revolução, dentre as quais destaco educação de qualidade e saúde, ambas totalmente gratuitas. Assim sendo, os direitos humanos em Cuba são mais humanos se comparados aos de outras nações latino-americanas, sobretudo se lembrarmos de Honduras sob a ditadura Micheletti.

Juanita também deveria se indignar com o bloqueio econômico que os Estados Unidos impõem à ilha caribenha desde os anos sessenta, sendo que tal sanção nunca fora aplicada a países que flagrantemente desrespeitaram direitos humanos de forma bárbara, tais como o Camboja e a Romênia. Também deveria comover-se com os resquícios da famigerada Emenda Platt que, até hoje, garantem aos Estados Unidos uma base militar em pleno território cubano, onde, inclusive, se torturam prisioneiros.

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