OS MIDIOTAS


Por Luiz Carlos Azenha

Ler os jornais brasileiros, hoje em dia, equivale a se expor a uma exibição despudorada de preconceitos vindos daqueles que, por ilustração, deveriam ser os primeiros a reconhecê-los. Mas o ódio de classe cega. Cega a ponto de fazer com que gente "bem" se exponha de maneira abertamente pornográfica. Há, subjacente ao preconceito, um motivo comercial a incentivar esse strip-tease ideológico: em um ambiente cada vez mais competitivo, marca quem chamar mais a atenção.

Não importa que o striper nos ofereça um corpo surrado, barrigudo, salpicado de celulites e estrias. Importa é que prestemos atenção nele, ainda que fortuitamente. Semana que vem, ele promete, tem mais. Dispensa-se o convencimento embasado em conhecimento e na razão. Importa é causar debate, atrair tráfego e leitores, "brilhar". Na sociedade midiatizada, inauguramos a era dos "midiotas". Assim como temos os famosos que são famosos por serem famosos, temos os comentaristas que são lidos pela capacidade de chocar. São as "moscas" da Folha de S. Paulo, jornal marqueteiro que quer nos vender o supra sumo do elitismo e do preconceito como algo revolucionário, "in your face", ousado. Que o espírito de Raul Seixas tenha piedade deles.

Um caso em particular me chamou a atenção recentemente. A coluna "O Petróleo é Dela", de um dos editores do jornal. Ele inicia sua argumentação desqualificando a maior parte do eleitorado brasileiro, que descreve como "semi-analfabeta". Depois de opinar sobre a tática eleitoral de uma das candidatas ao Planalto, Dilma Rousseff, diz que em nome da campanha dela os projetos de exploração do pré-sal "serão enviados em regime de urgência para o cada vez mais combalido Congresso Nacional, por onde, do jeito certo, tudo passa". Ou seja, além de desqualificar o eleitorado, desqualifica todos os que foram eleitos.

Para ler o artigo na íntegra, clique aqui

Comentários