MEC define as regras do novo ENEM

Reportagem de Glória Tupinambás

Contagem regressiva para o fim das dúvidas e incertezas sobre o novo vestibular unificado das universidades federais de todo o país. O Ministério da Educação (MEC) divulga hoje o conteúdo a ser cobrado no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), que deve substituir os tradicionais processos seletivos das faculdades. Numa reunião em Brasília, o governo federal vai apresentar uma matriz de referência da nova versão da prova, com 200 questões de múltipla escolha e uma redação, e ainda bater o martelo sobre pontos polêmicos da mudança. Uma das principais novidades a serem debatidas nesta quarta-feira é a aplicação de pesos diferentes para cada disciplina do teste.

De acordo com o MEC, os reitores e representantes de comissões de vestibulares vão conhecer hoje um esboço da prova e detalhes do Sistema de Seleção Unificada. O programa será usado para gerenciar as informações de todo o processo seletivo, como o desempenho de cada aluno no Enem e o cadastro dele nas universidades. Esse sistema on-line de inscrição será responsável por uma verdadeira revolução no vestibular, pois o aluno vai conhecer a sua nota antes de se inscrever nos concursos das faculdades e ainda poderá consultar as médias dos demais candidatos ao curso que ele deseja.

INSCRIÇÃO O novo Enem será aplicado em 3 e 4 de outubro e os alunos farão uma prova de 200 questões nas áreas de ciências naturais e humanas, linguagens e matemática, além de uma redação. O resultado final será divulgado em 8 de janeiro do ano que vem e, com essa nota em mãos, os estudantes terão cinco opções de inscrição: poderão se inscrever em cinco cursos da mesma universidade, no mesmo curso em cinco instituições diferentes ou em cursos distintos também em universidades distintas. Para isso, as escolhas terão uma hierarquia e a prioridade será dada para a primeira opção do aluno.

Na reunião de hoje, o MEC vai explicar como o estudante poderá conferir suas chances de aprovação no processo seletivo de determinada universidade e também migrar de uma instituição para outra ao longo do processo.

RESUMO Além de apresentar um desenho da nova versão do Enem e um resumo dos conteúdos que serão cobrados, o ministério vai definir hoje quais disciplinas ficam de fora da primeira edição do teste. Há uma semana, o Ministério da Educação informou que não haverá questões de língua estrangeira na prova, mas ainda permanecem as dúvidas sobre matérias como sociologia e filosofia.

Outro ponto polêmico é a aplicação de pesos diferentes ao teste, de acordo com o curso disputado pelo aluno. Se essa proposta for aprovada, a nota final do Enem não seria mais a simples soma das perguntas acertadas, mas um cálculo estatístico dos pesos das questões. Um último quesito a ser esclarecido pelo MEC é com relação à segurança na aplicação dos testes. Para garantir que não haja fraudes na prova, o governo federal pode elaborar mais de um modelo de provas, com enunciados diferentes, mas com o mesmo nível de dificuldade.

A reunião de hoje promete pôr fim à angústia de mais de 5 milhões de candidatos que devem fazer o teste em outubro. Enquanto o MEC não aponta o caminho a ser seguido no Enem, estudantes como Fernanda Almeida, de 17 anos, se esforçam para driblar a ansiedade. “Estamos muito inseguros com a nova prova, pois não sabemos se a divisão das matérias será diferente ou se vai mudar muito o nível de cobrança. O vestibular já deixa todos nós de cabelo em pé e essas novidades pioraram o nosso dilema”, lamenta a candidata a uma vaga de medicina.

O sucesso do novo modelo de vestibular unificado está nas mãos das universidades de todo o país, que têm até o dia 20 para dizer se adotam ou não a proposta do Ministério da Educação (MEC) para substituir os tradicionais processos seletivos. Em Minas, a moda já pegou e 10 das 11 instituições federais de ensino superior vão usar, mesmo que parcialmente, a versão modificada do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) ainda este ano. Apenas a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) não aderiu à proposta do governo federal. No Brasil, das 55 universidades federais, 25 deram sinal positivo até o momento.

Por meio de nota, a UFMG informou que não vai adotar a nova versão do Enem este ano “por falta de tempo hábil para introduzir a mudança, uma vez que o regimento da universidade exige a publicação dos editais das provas com pelo menos 180 dias de antecedência”. Mas a instituição promete estudar a proposta do MEC e avaliar a possibilidade de usá-la no ano que vem, como forma de seleção de novos alunos para 2011. Nas demais universidades federais de Minas – de Ouro Preto (Ufop), de Viçosa (UFV), de Lavras (Ufla), do Triângulo Mineiro (UFTM), de Alfenas (Unifal), de Itajubá (Unifei), de São João del-Rei (UFSJ), de Juiz de Fora (UFJF), de Uberlândia (UFU) e dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM) – a nota do Enem poderá substituir a primeira etapa de provas ou ser usada para o preenchimento de vagas ociosas.

A nãoadesão da principal universidade do estado, a UFMG, ajuda a tranquilizar os estudantes. “Se a federal fosse adotar a novidade, a gente estaria ainda mais desesperada. Mas, mesmo assim, estamos meio perdidos, sem saber como será a prova do Enem e quais instituições do país vão usar a sua nota. Acredito que está muito em cima da hora para qualquer mudança, mas, na prática, acho que não vai alterar muita coisa. O ensino médio continua o mesmo, então, não é possível aumentar a cobrança”, conta Isabella Alessandra Rodrigues, de 18 anos.


Fonte: Jornal Estado de Minas - 13/05/2009 - Seção "Gerais"

Comentários