Bravo, Soderbergh!

Por Cléber Sérgio de Seixas

Tive o prazer de assistir ontem ao filme de Steven Soderbergh sobre a vida de Che. Como afirmei em post anterior, o filme foi boicotado na maioria dos cinemas de BH, já que, como é sabido por alguns, os cinemas preferem filmes de menor duração para que possam ter mais sessões e, consequentemente, arrecadar mais. Assisti na sala 1 do Belas Artes. Foi a primeira vez que frequentei aquele cinema, mas fiquei com uma boa impressão, pois, apesar de a sala de exibição ser minúscula, o público é seleto e não ouvi um pio durante a exibição.

Steven Soderbergh não me decepcionou. A película parece ter seguido à risca os escritos autobiográficos de Che, ou seja, seus muitos diários. Durante a narrativa frases de seus livros são intercaladas com cenas de combate nas selvas da Sierra Maestra, como que dando embasamento intelectual e teórico a toda aquela ação. Outro recurso interessante são as cenas de sua visita à ONU em 1964, todas em preto e branco, contrastando com os flashbacks em cores dos tempos da Revolução Cubana. A atuação de Benício Del Toro dá ao expectador a impressão de que ele encarnou Guevara. Já Demián Bichir está perfeito como Fidel, de quem copia com perfeição os trejeitos e o timbre de voz. De resto, o filme cumpre bem a empreitada a que se propõe, a de ser um filme político a retratar a vida do médico-guerrilheiro, apresentando-o como um homem cuja vida foi pautada pela coerência, capaz de gestos reveladores de enorme generosidade e determinação, mesmo que em alguns momentos se mostrem violentos. O roteiro segue praticamente o mesmo estilo de produções anteriores de Soderbergh, tal como em Traffic.

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